O Compadre Alentejano, Camarate





A ida ao Compadre Alentejano proporcionou-se a convite de um casal incrível. Há algum tempo que a visita estava prometida, mas oportunidade tardou. Tardou, mas não falhou.

Refiro-me pessoas honestas, corretas, simples, em súmula verdadeiras. A vida tem-lhes sido madrasta, colocado provas difíceis de superar. Mas como pessoas fantásticas que são têm se mostrado à altura das circunstâncias. A vida pode ser cruel, mas eles ali estão para a enfrentar, para lutar com toda a força. São para mim um exemplo pela coragem, e pela forma como enfrentam a vida. 

Mesmo antes desta ultima prova, já admirava a capacidade do pescoço do casal (piada antiga: se o homem é a cabeça do casal, a mulher é pescoço, vira o cabeça para o lado que quer) para se relacionar com os outros, a forma como cativa toda a gente, como consegue rodear-se de pessoas, e transmitir-lhes boas energias. Admiro a sua capacidade de apesar dos problemas, que sinto existirem e pelos quais está a atravessar, afasta-os, e tem sempre uma palavra alegre para quem chega. 

Vou assim apreendendo, como se deve encarar a vida e as adversidades inerentes a ela: com a cabeça levantada, um sorriso na cara e uma palavra amiga na boca. 

O Compadre fica (para mim) na mítica e lendária localidade de Camarate. Para quem, como eu, nasceu nos finais dos anos 70 não se lembra de Sá Carneiro, mas cresceu a ouvir falar do caso Camarate. Tanto que, se não me engano, vamos na décima comissão de inquérito da Assembleia da Republica ao caso Camarate, sem que tenha havido uma conclusão final. Assim, Camarate esteve sempre envolta de algum mistério, como o triângulo das bermudas. Quando cheguei, como seria expectável tive uma desilusão, deparei-me com um bairro de casas rasteiras construído nos ano 40/50 (?) .

Ir ao Compadre Alentejano é uma experiência, muito mais que um restaurante, é uma verdadeira tasca alentejana. Só não existem camiões à porta porque a rua é demasiado estreita para camiões, mas doutra forma não tenho duvida que estivessem vários à porta. Por isso nada de cerimónias ou grandes salamaleques. Para abrir as hostilidades foi colocado na mesa um jarro de vinho e uma garrafa de 7Up. Ingenuamente perguntei para que era a garrafa de 7Up. Óbvio, foi a resposta, é para fazeres o traçadinho. Neste momento tive vergonha de demonstrar mais uma vez a minha ignorância e perguntar o que seria um traçadinho. Depreendi pelo comportamento dos restantes comensais que seria vinho com 7Up. As coisas que desconheço!


De seguida foi o momento da especialidade da casa: Molengas acompanhadas de batata frita. As molengas são cubinhos de carne de porco (de preferência de alcatara, pois o lombo fica muito seco) que marinam pelo menos um dia em sal, louro, pimentão e vinho branco, e por fim são fritas em banha de porco. Um pitéu! Óbvio, que eleva o colesterol para níveis incríveis, mas quem é que esta a pensar nisso, é delicioso e isso é o que importa.


Para sobremesa pedimos feno, especialidade da casa que já tentei fazer mas não correu de forma brilhante, mas não havia. Então alguém da mesa lembrou-se de perguntar se tinham fruta. A resposta veio de imediato em forma de terrina com vários tipos de fruta. Era só escolher. Simples e eficiente. Nada de fruta descascadinha e mariquices desse género, terrina de fruta e o cliente escolhe o que quer consumir. 

Quanto ao preço já não me lembro bem, mas ficou por menos de 10 euros.



O Companheiro Alentejano
Rua Gago Coutinho 12 - Camarate
Tel: 219470050

Comentários

Maria disse…
Parabéns pela ideia...bastante útil...já estou a seguir!
Maria
Sebastião disse…
Obrigado Maria!
Gostamos sempre de saber que gostam de nós :-)

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